27/03/2014
A análise produzida no estudo do Ipea é baseada principalmente nos microdados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), gerido pelo Departamento de Análise de Situação de Saúde (Dasis), da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), do Ministério da Saúde (MS).
![]() |
Imagem ilustrativa |
Os pesquisadores afirmam
que ponderaram que a ideologia do patriarcalismo e sua expressão
machista – disseminada de forma explícita ou sub-reptícia na cultura,
nos meios de comunicação e no Sistema de Justiça Criminal – reforça
determinados padrões de conduta que muitas vezes levam à violência de
gênero e, em particular, aos estupros.
Segundo os pesquisadores, tal fenômeno assume uma dimensão preocupante no Brasil, tendo em vista não apenas as suas consequências, de curto e longo prazo, sobre as vítimas, mas sobre a sociedade em geral. Além das perdas de produtividade, a violência que nasce, sobretudo, dentro dos lares, reforça um padrão de aprendizado, que é compartilhado nas ruas.
Os pesquisadores do Ipep estimaram que, a cada ano, no mínimo 527 mil pessoas são estupradas no Brasil.
Um terço dos casos de estupro está associado à ingestão de bebidas alcoólicas. A coação por ameaça, força física e espancamento é o padrão, só havendo maiores alterações quando a vítima é adulta e o
agressor é desconhecido, caso em que a arma de fogo estava presente em 23,3% dos crimes. Sobre o padrão temporal das ocorrências, um detalhe chama a atenção: a 27 prevalência dos estupros segue de maneira inversa à dos incidentes letais violentos, como homicídios, acidentes de trânsito e outro [conforme verificado por Cerqueira
(2013)], que ocorrem mais nos fins de semana e meses de primavera e verão.
No caso dos estupros, a frequência é maior nos meses de inverno e às segundas-feiras.
Os crimes em que há penetração vaginal, em adolescentes entre 14 e 17 anos, redunda em uma grande taxa de gravidez, que ocorre em 15% dos casos.
Em 2013, o Ipea levou a campo um questionário sobre vitimização, no âmbito do Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS), que continha algumas questões sobre violência sexual.
A partir das respostas, estimou-se que a cada ano no Brasil 0,26% da população sofre violência sexual, o que indica que haja anualmente 527 mil tentativas ou casos de estupros consumados no país, dos quais 10% são reportados à polícia.
Tal informação é consistente com os dados do Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) de 2013, que apontou que em 2012 foram notificados 50.617 casos de estupro no Brasil. Todavia, essa estatística deve ser olhada com bastante cautela, uma vez que, como se salientou anteriormente, talvez a metodologia empregada no SIPS não seja a mais adequada para se estimar a prevalência do estupro, podendo servir apenas como uma estimativa para o limite inferior deprevalência do fenômeno no País.
Em 2011, foram notificados no Sinan 12.087 casos de estupro no Brasil, o que equivale a cerca de 23% do total registrado na polícia em 2012, conforme dados do Anuário 2013 do FBSP.
Como em 2011 havia 3.901 municípios no Brasil com menos de 20.000 habitantes, possivelmente grande parcela desses municípios pequenos não possuía serviço especializado de saúde, o que ajuda a explicar o número nesta tabela.
Em relação ao total das notificações ocorridas em 2011, 88,5% das vítimas eram do sexo feminino, mais da metade tinha menos de 13 anos de idade, 46% não possuía o ensino fundamental completo (entre as vítimas com escolaridade conhecida, esse índice sobe para 67%), 51% dos indivíduos eram de cor preta ou parda e apenas 12% eram ou haviam sido casados anteriormente.
Por fim, mais de 70% dos estupros vitimizaram crianças e adolescentes.
“Tal dado é absolutamente alarmante, uma vez que as consequências, em termos psicológicos, para esses garotos e garotas são devastadoras, uma vez que o processo de formação da autoestima - que se dá
exatamente nessa fase - estará comprometido, ocasionando inúmeras vicissitudes nos relacionamentos sociais desses indivíduos”, diz a pesquisa do Ipea.
Pode-se observar que a proporção de casos que envolvem mais de um
agressor é maior quando a vítima é adolescente, e é menor quando a vítima é criança.
Um dado desconcertante é que cerca de 15% dos estupros registrados no Sinan foram cometidos por dois ou mais agressores.
Fonte: meionorte.com/Por: Efrém Ribeiro/Edição PHB em Nota
Segundo os pesquisadores, tal fenômeno assume uma dimensão preocupante no Brasil, tendo em vista não apenas as suas consequências, de curto e longo prazo, sobre as vítimas, mas sobre a sociedade em geral. Além das perdas de produtividade, a violência que nasce, sobretudo, dentro dos lares, reforça um padrão de aprendizado, que é compartilhado nas ruas.
Os pesquisadores do Ipep estimaram que, a cada ano, no mínimo 527 mil pessoas são estupradas no Brasil.
Um terço dos casos de estupro está associado à ingestão de bebidas alcoólicas. A coação por ameaça, força física e espancamento é o padrão, só havendo maiores alterações quando a vítima é adulta e o
agressor é desconhecido, caso em que a arma de fogo estava presente em 23,3% dos crimes. Sobre o padrão temporal das ocorrências, um detalhe chama a atenção: a 27 prevalência dos estupros segue de maneira inversa à dos incidentes letais violentos, como homicídios, acidentes de trânsito e outro [conforme verificado por Cerqueira
(2013)], que ocorrem mais nos fins de semana e meses de primavera e verão.
No caso dos estupros, a frequência é maior nos meses de inverno e às segundas-feiras.
Os crimes em que há penetração vaginal, em adolescentes entre 14 e 17 anos, redunda em uma grande taxa de gravidez, que ocorre em 15% dos casos.
Em 2013, o Ipea levou a campo um questionário sobre vitimização, no âmbito do Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS), que continha algumas questões sobre violência sexual.
A partir das respostas, estimou-se que a cada ano no Brasil 0,26% da população sofre violência sexual, o que indica que haja anualmente 527 mil tentativas ou casos de estupros consumados no país, dos quais 10% são reportados à polícia.
Tal informação é consistente com os dados do Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) de 2013, que apontou que em 2012 foram notificados 50.617 casos de estupro no Brasil. Todavia, essa estatística deve ser olhada com bastante cautela, uma vez que, como se salientou anteriormente, talvez a metodologia empregada no SIPS não seja a mais adequada para se estimar a prevalência do estupro, podendo servir apenas como uma estimativa para o limite inferior deprevalência do fenômeno no País.
Em 2011, foram notificados no Sinan 12.087 casos de estupro no Brasil, o que equivale a cerca de 23% do total registrado na polícia em 2012, conforme dados do Anuário 2013 do FBSP.
Como em 2011 havia 3.901 municípios no Brasil com menos de 20.000 habitantes, possivelmente grande parcela desses municípios pequenos não possuía serviço especializado de saúde, o que ajuda a explicar o número nesta tabela.
Em relação ao total das notificações ocorridas em 2011, 88,5% das vítimas eram do sexo feminino, mais da metade tinha menos de 13 anos de idade, 46% não possuía o ensino fundamental completo (entre as vítimas com escolaridade conhecida, esse índice sobe para 67%), 51% dos indivíduos eram de cor preta ou parda e apenas 12% eram ou haviam sido casados anteriormente.
Por fim, mais de 70% dos estupros vitimizaram crianças e adolescentes.
“Tal dado é absolutamente alarmante, uma vez que as consequências, em termos psicológicos, para esses garotos e garotas são devastadoras, uma vez que o processo de formação da autoestima - que se dá
exatamente nessa fase - estará comprometido, ocasionando inúmeras vicissitudes nos relacionamentos sociais desses indivíduos”, diz a pesquisa do Ipea.
Pode-se observar que a proporção de casos que envolvem mais de um
agressor é maior quando a vítima é adolescente, e é menor quando a vítima é criança.
Um dado desconcertante é que cerca de 15% dos estupros registrados no Sinan foram cometidos por dois ou mais agressores.
Fonte: meionorte.com/Por: Efrém Ribeiro/Edição PHB em Nota