31/08/2020

Fiscalização flagra trabalhadores em situação análoga à escrava e 3 mil hectares desmatados no PI

Duas pessoas foram detidas suspeitas de comandar desmatamento e uma delas teve a prisão preventiva decretada. Trabalhadores eram mantidos em situação degradante. Mata destruída fica na Serra do Quilombo, na região de Bom Jesus.

Fiscalização descobre trabalhadores em situação de escravidão e área de 3 mil ha desmatada no Sul do Piauí — Foto: Interpi/ Divulgação

Uma ação de fiscalização encontrou cerca de 3 mil hectares de terras públicas desmatadas na região Sul do Piauí, na região rural do município de Bom Jesus. No local, foram encontrados três tratores, armas de fogo e trabalhadores em situação análoga à escravidão. Os equipamentos foram apreendidos e duas pessoas foram detidas. Uma delas teve sua prisão preventiva decretada pela Justiça.

A área desmatada fica na Serra do Quilombo, uma região de 10 mil hectares que pertencem ao estado. “É uma área pública dentro da ação discriminatória da Serra do Quilombo. E essa área não tinha discussão, é de fato pública. As pessoas não tinham nenhuma justificativa para estarem na área”, explicou Chico Lucas, diretor do Instituto de Terras do Piauí (Interpi).

Fiscalização descobre trabalhadores em situação de escravidão e área de 3 mil ha desmatada no Sul do Piauí — Foto: Semar/ Divulgação

A operação foi realizada depois que o Grupo Especial de Regularização fundiária e combate à grilagem (Gercog), que monitora o desmatamento e apropriação de terras com imagens de satélite, identificou as áreas desmatadas. Cerca de 3 mil hectares de mata nativa teriam sido destruídos entre junho e agosto.

A fiscalização encontrou no local três tratores que faziam o desmatamento da área, além de trabalhadores em situação análoga à escravidão e armas de fogo. Duas pessoas foram detidas e terão de pagar multas ambientais. Os equipamentos foram apreendidos.

Fiscalização descobre trabalhadores em situação de escravidão e área de 3 mil ha desmatada no Sul do Piauí — Foto: Semar/ Divulgação

De acordo com o promotor Mauricio Gomes, coordenador do Gercog, os trabalhadores eram mantidos em situação degradante. “No local não tinha sequer um banheiro para os trabalhadores. Os trabalhadores não tinham um refeitório. Eles dormiam amontoados dentro de um ônibus. Essa é a situação encontrada no local, degradante e desumana", disse.

A operação teve apoio do Ministério Público, Polícias Militar e Civil e da Secretaria do Meio Ambiente. Ainda segundo Chico Lucas, diretor do Interpi, o grupo pretendia fazer a grilagem da terra: a falsificação de documentos para tomar as terras de forma irregular.

Três tratores foram apreendidos durante a fiscalização em Bom Jesus, no Sul do Piauí — Foto: Semar/ Divulgação

“O desmatamento é caro. Se utilizam horas e horas de trator. É um custo que chega a ser milionário para uma área de 3 mil hectares. Então com certeza existem outros agentes trabalhando e financiando esse desmatamento. Não é uma coisa de pequeno agricultor”, disse.

Fonte: G1 PI

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