Dezenas de pessoas realizaram na manhã deste sábado (11/04) uma
manifestação pacífica na comunidade da Pedral do Sal, litoral do Piauí.
Eles são contra a construção de um resort na orla da praia e a ampliação
do parque eólico.
A comunidade interditou a PI-116 que interliga o centro comercial de
Parnaíba a Praia da Pedral do Sal. Segundo os moradores, a instalação
das usinas eólicas aterra lagoas nativas, desmata vegetações locais e
tira o direito deles de ir e vir em áreas que antigamente eram
utilizadas para o extrativismo.
“Estamos reivindicando os nossos direitos. A eólica tem um slogan
muito forte: sustentabilidade. Mas pra gente é que não é, pois eles
estão destruindo a nossa vegetação, prejudicando as nossas lagoas e
gerando apenas empregos temporários. Eles afirmam que geram empregos,
mas não é fixo. Depois que ela se instala ninguém da comunidade fica
trabalhando. E outra, não aguentamos mais o barulho que essas torres
fazem. Estamos sufocados”, desabafou a líder comunitária Norma Sueli.
Já a área do resort fica a 400 metros da orla da praia da Pedra do
Sal. O investimento se deu após nove meses de estudos. Segundo a empresa
responsável, o empreendimento contará com um condomínio, bangalôs,
piscinas, restaurantes, entre outras acomodações de luxo. Só nesta
primeira fase de articulação já foram gastos R$ 8,5 milhões. Segundo
informações dos moradores, a construção do resort tem previsão de gerar
131 impactos positivos e 189 negativos ao ambiente.
“Esse resort na realidade é um loteamento que está se instalando
dentro de lagoas com peixes, e assim a gente não aceita. Outro problema é
o kite surf que acaba afastando todo o nosso peixe aqui da costa, e com
a chegada deste empreendimento irá aumentar a vinda desses esportitas.
Estamos aqui defendendo o nosso direito de sobrevivência, enquanto eles
estão enriquecendo com o seu capitalismo. E nós queremos democracia para
sermos ouvidos pelas autoridades”, afirmou o pescador Antônio de Pádua.
Durante o manifesto, uma barricada foi montada com redes de pesca e
uma canoa. Os manifestantes ainda atearam fogo em entulho e pneus. O que
gerou desconforto para alguns moradores. Policiais Militares, sob o
comando do Tenente Wilton Alves, estiveram no local visando garantir a
ordem pública. A via foi liberada por volta das 10h.
Fonte: PMN/Por Kairo Amaral