26/03/2014

Peladona de Congonhas queima sutiã e ‘protesta’ por falta de emprego

26/03/2014

Professora, Jessica Lopes se manifestou em frente à Secretaria de Educação de São Paulo: ‘Só porque sou gostosa não posso dar aula?’.
Jéssica Lopes mostra a sua indignação em protesto | Foto: Thiago Duran/AgNews

Ela está chateada. Jéssica Lopes, a Peladona de Congonhas, decidiu recorrer ao símbolo máximo
 do feminismo para se manifestar. Sozinha. Cabelos escovados, vestidinho preto indefectível colado
 ao corpo, saltos e um conjunto de lingerie matador, a loira decidiu queimar um sutiã - tal qual as
 mulheres que protestavam por melhores condições na década de 1970.

Com uma garrafinha de álcool e uma caixa de fósforo, Jéssica fez seu protesto solitário porque, 

como professora, não consegue mais emprego na área. Sendo assim, decidiu mostrar sua indignação
 em frente a Secretaria Estadual de Educação de São Paulo. Não sem antes, claro, tirar o vestido e
 ficar apenas de lingerie para, digamos, chamar mais atenção para sua condição de 
"mestre desempregada". "Já acreditei na educação desse país. O que querem? Que eu  
coloque um óculos fundo de garrafa, roupas largas e tenha cara de nerd? Só
 porque sou gostosa não posso dar aula?", questiona ela, indignada.


Jéssica foi professora durante cinco anos. Formada em matemática conta que sofreu preconceito

 desde a época da faculdade. "Diziam que eu saía com os professores para ter notas como as que
 eu tinha. Só tirava de 8 para cima. E sempre fui estudiosa. Impressionante. Nesse país não pode 
ser bonita e inteligente", dispara ela, que lecionou para adolescentes e adultos em Porto Alegre,
 onde morava: "Dava aula em três períodos. Ganhava cerca de R$ 2,5 mil por mês. Hoje, 

com dois eventos tiro isso".

A Peladona de Congonhas quis voltar às escolas no fim do ano passado. Estava decepcionada 

com o mundo da fama e queria ficar mais perto do filho Gabriel, de 13 anos, que mora no Sul. 
"Espalhei currículos e ao me apresentar já sentia o preconceito. Não pensei que era tão famosa.
  Mas todo mundo sabia quem eu era. E não uso nome artístico. É só jogar no Google e nas redes
  sociais que me acham. Sofri por fazer trabalhos sensuais", avalia ela, que pediu exoneração do  cargo de professora por não ser respeitada: "Meus alunos perguntavam se eu tiraria a roupa como 
 fazia em um programa de TV, os professores diziam que eu deveria posar nua. 
Achei melhor optar entre os livros e a vida de modelo".

“O Brasil perdeu uma excelente professora!"
- Jéssica, a peladona
Com o protesto, Jéssica diz que espera chamar a atenção para o preconceito e para a educação
no país, que, a seu ver , vai de mal a pior. "Eu tentei ensinar aqueles adolescentes, dar
 um 
 panorama do que é a vida. Tentei ser amiga, e eles me tiravam. Então, decidi ser a carrasca. 
Não mostrava os dentes e isso me fazia mal,
 porque não sou assim. Dei um basta. O Brasil perdeu uma
 excelente professora", garante.

Caso o piloto de um programa de entrevistas vingue, Jéssica pode rasgar seu diploma, pois 

 dificilmente iria convencer algum diretor a contratá-la: "No programa 'Jéssica Alves entrevista',  recebo convidados e vou tirando 
a roupa enquanto faço perguntas. O convidado não sabe que fico quase nua",
 conta. Agora todos sabem, Jéssica.

 




Carol Marques | do EGO, no Rio

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