28/02/2014

Barca do Sal. O sonho de um sonhador


No ano de 1988, Alberto Silva pós em pratica um sonho, de ver a retomada da navegação no Rio Parnaíba. Em um passado distante, os rios Parnaíba e Igaraçu recebia navios da Europa e levava nossa riqueza pelos quatro cantos do mundo. A cidade de Amarante é prova viva disso com seus azulejos portugueses e uma arquitetura colonial.

Mas, o rio foi morrendo pouco a pouco. Foi ficando assoreado pelo desmatamento de suas margens. A carnificina aquática fez os lendários peixes de sessenta quilos se transformarem em míseros piaus de poucos gramas.

O rio fundo se transformou em uma larga lâmina d´água barrenta e triste.

Quando Alberto Silva assumiu pela segunda vez o Governo do Piauí, o país vivia no final da década de oitenta umas de suas piores crises econômicas da história. Isso fez com que o Governo do velho líder fosse algo desesperador, pois o dinheiro do Estado não dava nem para pagar a folha de pagamento dos servidores públicos.

Desesperadamente, Alberto Silva fez de tudo para alavancar a economia do Estado. Sendo um homem de ações e de ideias que variavam entre a genialidade e a loucura, Então esperto como ele era pensou em um projeto mirabolante para melhorar os índices econômicos – A Barca do Sal.

O projeto consistia em construir uma barca de altíssima tecnologia que pudesse transportar em uma lâmina d´água de oitenta centímetros. Para tanto, o Estado do Piauí construiu uma barca com computador capaz de detectar bancos de areia e que indicava o melhor caminho a seguir entre as águas. A ideia era fazer com que essa barca levasse sal de Luís Correia a Teresina, além de outros produtos.

Alberto Silva imaginava que o sucesso do Projeto Barca do Sal poderia estimular a preservação e recuperação do Rio Parnaíba. Imaginava que a retomada da navegação do rio serviria como instrumento para alavancar a economia do Piauí. Havia sentido nas ideias de Alberto Silva, um dos maiores engenheiros que o Brasil já teve.

Foi assim que a Barca do Sal foi construída em um estaleiro em Parnaíba. Após a construção, o grande evento foi marcado. A Barca do Sal sairia de Parnaíba e atracaria em Teresina. O tempo de viagem foi devidamente calculado e, no Dia D, haveria uma grande festa na capital piauiense para receber o símbolo do progresso que chegaria ao aposentado Cais da Praça da Bandeira abarrotada de sal.

Entretanto, o Dia D foi adiado uma, duas e três vezes e, no dia definitivamente marcado para a chegada, a coisa se tornou um pesadelo. As horas passavam e a barca não chegava. As horas entraram na madrugada e a população já perdia a esperança. De repente, quando se imaginava que tudo estava perdido, a população avistou luzes ao logo do Parnaíba. Era a Barca do Sal novinha em folha com sua pintura branca metálica.

Porém, perceberam que a esperança de progresso seria um pesadelo, pois a barca mal conseguiu passar por baixo da velha Ponte Metálica que liga Teresina a Timon. Passou espremida depois de difícil manobra do comandante.

Ao atracar no falecido Cais da Praça da Bandeira, parte da população aplaudiu e outra parte ironizava o evento. Surgiram discursos cabisbaixos. O comandante da barca não conseguia esconder o desânimo. Foi o evento comemorativo mais triste que foi visto na época. O fiasco estava nos olhos.

Posteriormente fiquei sabendo que a Barca do Sal foi praticamente arrastada rio acima. Dragas abriram passagem entre os bancos de areia para a barca passar. Foi isso que motivou tanto atraso e tanta tristeza no dia do evento comemorativo. Houve até uma lenda que diz que, antes de chegar a Teresina, a barca jogou o sal no Parnaíba a fim de ficar mais leve.

Alberto Silva tentou provar que o Parnaíba ainda era navegável, mas provou que o rio é apenas “arrastável”.

Foi à última barca que subiu o Parnaíba e dela não se tem mais notícia.

Segundo o repórter Toni Rodrigues no Portal 180 Graus, em 2009 Alberto Silva escreveu uma carta para o governador Wellington Dias e falou sobre o projeto que considerou vitorioso. Ele disse, em 30 de março do ano em curso, entre outras coisas: \"Quando coloquei o \"navio do sal\" navegando o rio Parnaíba, desde Parnaíba até Guadalupe, queria provar e provei que não encontramos nenhum obstáculo no canal do rio, ao longo de toda a extensão percorrida. Aí, o primeiro milagre. Não precisamos fazer investimentos dentro do rio para torná-lo navegável, basta elevar o nível d\'água dentro do canal destes dois rios para que eles já se tornem navegáveis.\"
O barco foi vendido na primeira gestão de Mão Santa (1995-98) porque nunca conseguiu cumprir sua finalidade. Na época, os cordelistas fizeram a festa. Um deles, o jornalista Raimundo Rosa de Sá, o Cazé, lançou livreto em que criticava duramente os projetos de Alberto Silva.

O Blog Parnaíba em Nota através da pagina Nostalgia vem buscando nossas origens e redescobrindo nossa cidade e  estado.  Abaixo você vai acompanhar toda a viagem feita pela Barca em um vídeo  produzido para a antiga TVE nacional, dividido em seis partes. Aperte o play e  pronto a lista reproduzirá o vídeo por completo na sequencia.



Por: Renato Farias/Texto original 01 rlar05/Texto original 02 180 Graus

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