Suelene da Cruz Pessoa, mais conhecida como Sol Pessoa, foi presa na manhã desta terça-feira (14) na operação Gabinete de Ouro.

A Polícia Civil do Piauí deflagrou, nesta terça-feira (14), a Operação Gabinete de Ouro, que investiga um suposto esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos durante a gestão do ex-prefeito de Teresina, Dr. Pessoa.
Entre os presos está Suelene da Cruz Pessoa, ex-assessora especial e ex-chefe de gabinete do então prefeito. Além dela, também foram detidos um empresário e dois ex-vereadores. Os dois ex-parlamentares teriam movimentado R$ 14 milhões com o esquema.
A ação foi coordenada pelo Departamento de Combate à Corrupção (DECCOR) e cumpriu 14 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão temporária. A Justiça também determinou o sequestro de bens e valores que somam mais de R$ 75 milhões, incluindo imóveis de luxo, veículos e terrenos.
“Ela tinha controle sobre pagamentos e servidores”, diz delegado
Em entrevista coletiva concedida na manhã desta terça-feira (14), o delegado Ferdinando Martins, do DECCOR, explicou que as investigações apontam que Suelene Pessoa comandava a distribuição de dinheiro público de forma irregular através de "rachadinha" e lavagem de dinheiro. Sol centralizava decisões e controlava pagamentos dentro da sede da Prefeitura de Teresina.
“Conseguimos comprovar que uma servidora pública, que era chefe de gabinete do ex-prefeito, tinha forte gestão e controle sobre todos os atos da administração. Ela atuava diretamente na lotação e realocação de servidores, além de influenciar pagamentos e contratos com fornecedores”, afirmou o delegado.
Ainda segundo ele, a ex-assessora mantinha ligação com empresários e intermediários financeiros que faziam movimentações suspeitas em nome dela.
“Verificamos que alguns imóveis adquiridos por ela estavam ligados ao recebimento de vantagens ilícitas. Dois operadores financeiros faziam pagamentos, recebiam valores e intermediavam transações com fornecedores para facilitar o trânsito de recursos dentro da gestão”, explicou.
O delegado destacou ainda que as investigações identificaram situações típicas de rachadinha, com repasse de parte dos salários de servidores comissionados para a ex-assessora.
“Ela tinha controle até sobre os salários de alguns comissionados, numa típica rachadinha. Centralizava todos os pagamentos e decisões dentro do gabinete”, concluiu.
Movimentação financeira chamou atenção do Coaf
O delegado Francílio, também integrante da operação, explicou que o caso começou a ser investigado a partir de um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que identificou movimentações atípicas em contas de servidores municipais.
“A investigação teve início após o Coaf identificar movimentações financeiras incompatíveis com a renda de três servidores públicos. Eram valores muito altos e com grande volume de dinheiro em espécie, tanto saques quanto depósitos feitos diretamente no caixa”, detalhou o delegado.
Segundo ele, o relatório foi encaminhado espontaneamente ao Laboratório de Tecnologia Contra a Lavagem de Dinheiro (LAB) da Polícia Civil, que confirmou as irregularidades.
“A movimentação chamou tanta atenção que o Coaf enviou o relatório por iniciativa própria. O LAB analisou os dados e constatou que havia fortes indícios de crimes financeiros e de corrupção”, completou Francílio.
Mais de R$ 14 milhões movimentados por ex-parlamentares
A delegada Bernadete, que também participou da coletiva, informou que as investigações revelaram transações milionárias envolvendo dois ex-parlamentares e o empresário preso na operação.
“O que observamos é que o volume de dinheiro movimentado por esses agentes era muito alto. Um dos ex-parlamentares movimentou, apenas em 2022, cerca de R$ 5,2 milhões, e entre 2020 e 2023, o total chegou a R$ 14 milhões”, relatou.
Ela explicou ainda que os investigados utilizavam “interpostas pessoas”, ou seja, terceiros, para ocultar patrimônio e disfarçar a origem do dinheiro.
“Esse ex-parlamentar era o sócio oculto de uma empresa que mantinha contratos com o poder público e também com empresas privadas. Tudo indica que a intenção era dissimular a origem dos recursos e esconder o verdadeiro dono do dinheiro”, completou a delegada.
Operação apreende bens e abre nova fase de investigação
Durante a operação, a Polícia Civil apreendeu veículos, documentos e mídias eletrônicas. Todo o material será analisado para aprofundar as conexões entre os investigados e o suposto esquema.
O delegado Ferdinando Martins afirmou que essa é apenas a primeira fase da investigação e que novas diligências devem ocorrer.
“Hoje conseguimos comprovar ligações, apreender bens e coletar provas importantes. Agora vamos ouvir os depoimentos e analisar o material apreendido. Este é apenas o início da operação”, declarou.
Esquema seria parte do chamado “Gabinete de Ouro”
As investigações começaram há quase um ano e partiram de uma denúncia anônima sobre condutas ilegais dentro da Prefeitura de Teresina, atribuídas ao grupo que atuava no chamado “Gabinete de Ouro”.
De acordo com o DECCOR, os suspeitos usavam servidores comissionados e terceirizados como operadores financeiros do esquema. O grupo teria desviado recursos públicos por meio de construtoras e prestadoras de serviço contratadas pela administração municipal entre 2021 e 2024.
Fonte: Portal Meio News