
O Cemitério Frei Higino, localizado na Avenida João Silva Filho, no Bairro Piauí, em Parnaíba (PI), tem enfrentado um cenário alarmante de degradação social. O local, que deveria ser dedicado à memória e ao respeito aos mortos, passou a ser frequentado por usuários de drogas, traficantes e pessoas em situação de extrema vulnerabilidade. A gravidade do problema é tamanha que o espaço já vem sendo apelidado por moradores e autoridades como a “Cracolândia de Parnaíba”.

De acordo com relatos, a movimentação irregular acontece principalmente à noite, embora ocorrências também sejam registradas durante o dia. A situação compromete a segurança de visitantes, moradores das proximidades. Além do uso e tráfico de entorpecentes, há registros de prostituição e vilipêndio de sepulturas, crime previsto no Código Penal com pena de até três anos de prisão, e pessoas morando no local.

“O cemitério é um local público, sob responsabilidade da Administração Municipal. Não pode ser usado de forma indevida, principalmente para práticas criminosas. Ao município cabe garantir a manutenção e a vigilância dos equipamentos públicos, e o cemitério está entre eles”, afirmou o promotor de Justiça Rômulo Cordão.
O problema vai além da segurança pública e expõe um quadro grave de abandono social. Muitos dos frequentadores vivem em situação de miséria, dependência química ou não têm onde morar, alguns chegaram a fixar residência dentro do próprio cemitério. Apesar do cenário, há iniciativas voluntárias e comunidades terapêuticas atuando na tentativa de oferecer algum tipo de suporte a essas pessoas.
“A vulnerabilidade social esta cada vez mais crescente você ver pela situação aqui no cemitério. Por conta desta vulnerabilidade socioeconômica as pessoas chegam a esta situação”, destacou, Luiza Teles, delegada da Planície Litorânea da Federação das Comunidades Terapêuticas.
O Ministério Público do Estado do Piauí acompanha a situação e busca articular ações integradas para combater o avanço do problema e recuperar o espaço. Segundo o promotor Rômulo Cordão, o cenário em Parnaíba guarda semelhanças com o que ocorre na conhecida Cracolândia de São Paulo . “É bem semelhante ao que vimos em são Paulo, a cracolândia, aqueles bolsões onde os usuários de drogas, pessoas ligadas ao crime e pessoas em situação de rua se reúnem e praticam toda sorte de delitos, não somente utilização de drogas; mas o tráfico de drogas”, ressaltou.

Esta realidade de vulnerabilidade social e consumo de drogas é crescente em Parnaíba e requer atenção antes que fique mais insustentável. “Aqui em Parnaíba a gente vem observando em vários bairros, como o Bebedouro, que temos pequenas cracolândias que estão crescendo”, denunciou Luiza Teles.
A reversão desse cenário exige políticas públicas consistentes, voltadas tanto à recuperação dos espaços urbanos quanto à reintegração social de populações em situação de risco. pra tanto, se faz necessário devolver dignidade ao local e às pessoas afetadas por essa realidade cada vez mais visível e preocupante em Parnaíba.
Fonte: Portal Costa Norte