01/12/2021

Caso Iarla Lima: MP pede que ex-tenente do Exército cumpra de imediato pena de 37 anos de prisão

José Ricardo foi condenado pelo feminicídio de Iarla Lima, que era sua namorada, e pelas tentativas de feminicídio da amiga e da irmã da vítima, Josiane Mesquita e Ilana Lima.

Ex-tenente do Exército José Ricardo da Silva Neto — Foto: Reprodução/TV Clube

O promotor Ubiraci Rocha ingressou com recurso para que o ex-tenente do Exército José Ricardo da Silva Neto cumpra de imediato a pena de 37 anos e três meses de prisão pelo feminicídio de Iarla Lima, que era sua namorada, e pelas tentativas de feminicídio da amiga e da irmã da vítima, Josiane Mesquita e Ilana Lima.

O g1 não conseguiu contato com a defesa de José Ricardo da Silva Neto.

A estudante de arquitetura Iarla Lima foi vítima de feminicídio em 19 de junho de 2017, na Zona Leste de Teresina, quando os dois saíam de uma festa. Quando entraram no carro, o ex-militar fez os disparos de arma de fogo contra a namorada, por ciúmes, após ela ter dançado com outros homens na festa. Ele ainda fez disparos contra a amiga e irmã da vítima que ficaram feridas.

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Ilana e Iarla Lima estava juntas quando o crime aconteceu. — Foto: Ilana Lima/ Arquivo Pessoal

Quase uma semana depois da condenação pelo Tribunal Popular do Júri, José Ricardo continua em liberdade, porque o juiz não determinou o imediato recolhimento para execução da pena. No entanto, o promotor Ubiraci defendeu a execução provisória da pena com base no artigo 492 do Código de Processo Penal (CPP), procedimento considerado normal porque a pena do réu ultrapassou os 15 anos.

"Recorri de conformidade com o Código de Processo Penal, a fim de que a pena seja executada de imediato, dado que ela ultrapassou 15 anos e a lei diz que se a pena chegar a esse prazo ou ultrapassar, o condenado deve ser recolhido à prisão para cumprimento de pena", explicou o promotor.

A Secretaria da 1ª Vara do Tribunal do Júri informou que existem dois recursos. Um do Ministério Público com pedido para iniciar o cumprimento da pena reclusão e um da defesa para manter o acusado em liberdade.

"Em breve o juiz vai se manifestar sobre eles", informou.

Julgamento
Julgamento no Tribunal Popular do Júri — Foto: Divulgação/TJ-PI

O julgamento do ex-tenente do Exército José Ricardo da Silva Neto encerrou na madrugada da última quinta-feira (25) e foi realizado pelo juiz Antônio Luiz Nollêto, da 1ª Vara do Tribunal do Júri. O acusado acompanhou o julgamento de forma virtual, pois mora atualmente na cidade de Recife, no estado do Pernambuco.

Na decisão o Tribunal Popular do Júri entendeu que José Ricardo matou Iarla Lima por motivo fútil, em decorrência de ciúmes. Além disso, os membros do júri entenderam que ele tentou matar a amiga e a irmã da vítima após realizar disparos contra elas.

“O réu ultrapassou o que se tem como ordinário para o cometimento de crime. O acusado praticou o crime, por motivo fútil, consistente em ciúmes, porque a vítima Iarla Lima Barbosa dançou com os homens da festa”, afirmou o juiz na decisão.

Pai morreu por coma alcoólico
O pai da estudante de arquitetura Iarla Lima, morreu por coma alcoólico pouco mais de dois anos após o assassinato da filha, relatou outra filha dele, Ilana Lima, durante depoimento no julgamento.

"Depois que minha irmã morreu meu pai passou a beber todos os dias e foi a óbito por coma alcoolico. Ele nem dormia mais no quarto, deitava no sofá da sala, onde tinha uma foto dela que ele ficava olhando. Eu tentava mostrar para a gente ter força para continuar, mas ele desistiu de viver", contou em depoimento.

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Em entrevista à TV Clube (assista no vídeo), a mãe da vítima, Dulcinéia Lima da Silva, também falou sobre a morte de seu ex-marido. "Tudo contribuiu para levar ele a óbito, era muito frágil e se levou a beber diariamente. Dois anos depois ele faleceu porque ficou fragilizado. Antes do falecimento dele fiquei sabendo que ele nunca mais tinha dormido em cama, só no sofá pensando na filha dele. Aí a mãe dele faleceu, que era outra base e ele não resistiu", contou.

O crime
Durante depoimento, a irmã da vítima, Ilana Lima, que estava no momento do crime relatou o momento em que a estudante foi morta. "Estávamos eu, ela, uma amiga [Joseane Mesquita], ele e outros dois amigos dele. Passamos a noite dançando entre nós", contou.

"Uma hora a Iarla chamou para ir embora porque o Neto estava passando mal. Os dois saíram de mãos dadas, se beijando, como um casal normal. Mas chegando no carro ele começou a brigar com ela, dizendo que ela tinha dançado com outros. Em seguida ele puxou a arma e atirou três vezes contra ela e depois para trás, onde estávamos eu e nossa amiga", completou.

A testemunha disse que Joseane Mesquita saiu do carro em seguida e que ela saltou do veículo quando ele já estava em movimento. Ilana foi atingida de raspão na cabeça e Joseane no braço e no peito.

Ilana afirmou ainda que a irmã havia falado em terminar o relacionamento com o acusado um dia antes. "Ela disse que ele tinha tentado acessar o celular dela, que ele havia conseguido e ela precisou mudar a senha. Ele queria ter controle sobre ela", disse.

Acusado estava em liberdade
O Tribunal de Justiça do Piauí chegou a decretar prisão preventiva do acusado em janeiro de 2019, quando o desembargador Joaquim Santana determinou que o mandado fosse cumprido em Recife.

Mas o mandado de prisão não foi cumprido depois que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu liberdade provisória ao acusado no dia 23 de abril.

Fonte: Portal G1 PI

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