15/05/2020

Pacientes que morreram em Floriano não passaram pelo novo protocolo, diz diretor

Foto: Sesapi

Os três pacientes com Covid-19 que morreram no hospital regional de Floriano não chegaram a passar pelo protocolo experimental de tratamento - uso de hidroxicloroquina e azitromicima na fase inicial e de corticoide injetável em casos avançados, de acordo com o diretor do Hospital Regional Tibério Nunes, médico Justino Moreira. 

As três mortes foram divulgada na noite de quarta-feira (13) pela Secretaria Estadual de Saúde, após a divulgação do tratamento experimental de combate ao novo coronavírus, que tem como base estudos feito na Espanha, até agora sem resultados oficiais publicados. 

O diretor explicou que os três pacientes tinham comorbidades graves e a equipe aguardava o resultado de identificação da doença do Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública do Piauí). 

"Esses pacientes tinham comorbidades graves, pacientes em estado terminal, com sequelas de AVC, pacientes que tinham hemorragias digestivas. Eram pacientes que a gente não chegou a fazer o tratamento laboratorial, quer dizer, estávamos aguardando vir o PCR, que vem do Lacen. Quando esses pacientes foram a óbito ainda não tinha chegado a confirmação. Nesses pacientes não adotamos o protocolo, não iríamos submeter esses pacientes a um tratamento experimental diante de comorbidades tão graves".

Questionado sobre reações adversas nos paciente que passaram pelo tratamento experimental, o diretor explicou que todos os 15 pacientes "evoluíram bem".

"As complicações são pequenas. Os efeitos colaterais são pequenos. O que a gente tem usado na fase hospitalar é o corticoide injetável e isso em alguns pacientes provocou uma hiperglicemia facilmente controlada pelo uso de insulina, de forma que não obtivemos outros efeitos colaterais importantes, sendo ela uma medicação conhecida e segura no meio médico já que a dose não é tão alta, como em algumas patologias neurológicas e rematológicas, que acabam usando esse corticoide numa dose muito mais superior do que a dose que preconizada aqui para o tratamento do Covid".

"Nós tivemos alguns profissionais de saúde da nossa equipe contaminados, uns cinco a seis. Esses pacientes nós tivemos a oportunidade de tratá-los e, graças a Deus, com muito sucesso. A gente começou iniciamente a tratar pacientes que já vinham evoluindo no hospital em uma fase tardia, onde já tinha perdido a oportunidade ideal de usar o medicamento, muitos pacientes melhoraram e tiveram alta. Agora, nós estamos sendo um pouco mais agressivos no sentindo de tratar mais precocemente numa fase que a gente considera ideal para esse paciente ter o mínimo de dano e sequela possível".

O médico comentou que devido a falta de resultados publicados o tratamento ainda não é facilmente aceito pela comunicade científica. A ministra Damares Alves chegou a visitar o município nesta quinta (14) para conhecer o tratamento. 

"Nós temos um infectologista na nossa equipe, temos também um intensivista, pórem esses conhecimentos têm sido passado em sua maioria juntamente com a doutora Marina Bucar, na Espanha, que a gente tem seguido as orientações. A gente teve reuniões com infectologistas que quiseram o protocolo do Piauí, expondo essas opções, porém a gente ainda não conseguiu convencê-los já que é um conhecimento recente que a Espanha ainda não tem publicações desses resultados. Então, o meio científico tem dificuldade de aceitar. O que nós estamos fazendo é uma provocação desse conhecimento junto a classe médica, que cada um possa exercer o seu direito e autonomia de fazer as suas próprias experiências".

Ele disse ainda que o tratamento acontece com o consentimento dos pacientes e diante da autonomia do médico em receitar a medicação. 

"As opções que têm nos dado até o momento não são boas, a gente estava perdendo esse embate e essa oportunidade de experimentar uma medicação nova tem nos trazido bons resultados".

Em entrevista, o diretor disse ainda que "a partir disso, com consentimento do paciente e a autonomia do médico, o Governo do Estado se dispôs a oferecer essa medicação na rede. A gente vai tentar convencer os médicos, treinar esses médicos, para que possam estar fazendo esse tratamento e ter as suas próprias experiências". 


Carlienne Carpaso
carliene@cidadeverde.com

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