Delegado Willame Moraes, gerente do policiamento do interior, detalhou como ocorreu toda a ação. Os menores confessaram terem participado dos estupros
Adão, acusado foi preso em Campo Maior (Foto: Manoel José/O Olho)
O foragido da polícia, Adão José de Sousa, de 40 anos, acusado de comandar os estupros na cidade de Castelo do Piauí, onde quatro jovens foram abusadas sexualmente e em seguida espancadas, foi preso na noite desta sexta-feira (29/05), no município de Campo Maior, região Norte do Piauí. Na manhã deste sábado (30), o acusado foi levado até a Secretaria de Segurança Pública (SSP-PI) na companhia do secretário, Fábio Abreu, e dos demais delegados e policiais envolvidos na ação. Adão negou ter participação no crime, mas a polícia e os quatro menores envolvidos e que estão apreendidos afirmam ter certeza de que o homem é o mentor e coordenador de todo o crime.
Adão chegou na SSP com o aspecto de cansado. Suando bastante e com o
rosto espantado, o acusado negou veementemente ter participado dos
estupros e disse que é sim bandido, mas não estuprador. “Nunca estuprei
ninguém, já tenho passagem por outros crimes como assalto e tráfico de
drogas, mas não por estupro. Não participei desse crime e tenho certeza
de que a polícia vai encontrar o verdadeiro responsável”, desmente.
O acusado concedeu uma entrevista de aproximadamente 15 minutos e
falou sobre os outros crimes que havia cometido no Estado de São Paulo e
também na cidade de Castelo do Piauí. No Sudeste, Adão cumpriu pena de
13 anos. “Respondo a três processos. Um por tráfico de drogas, assalto e
tentativa de homicídio. Não sei porque estão falando que fui eu que
comandei esses estupros, eu nem estava na cidade no dia. Saí de Castelo
no sábado e os estupros ocorreram na quarta-feira”, justifica. Indagado
pelos jornalistas sobre o motivo de estar fugindo da polícia, ele revela
que fugia devido ao assalto que havia realizado a um posto de
combustível, na noite de sexta-feira. Durante a ação, Adão disparou um
tiro na cabeça da frentista. A vítima não morreu, mas segue internada.
“Disparei acidentalmente contra ela, não queria atirar. Ela jogou o
carro pra cima de mim, aí a arma disparou sem querer”, contou.
POLÍCIA DETALHA MODUS OPERANDI DO CRIME
O delegado Willame Moraes, gerente do policiamento do interior, detalhou
como ocorreu toda a ação. Ele revelou que todos os menores confessaram
terem participado dos estupros e espancamentos e acusaram Adão de ter
sido o mentor e coordenador da ação do início ao fim. “Todos confessaram
e acusaram o Adão. Existem fartas provas e a polícia munida disso e de
todas as provas que foram colhidas, tem certeza de que esse homem tem
participação no crime. Não há dúvida nenhuma quanto a isso”, informou.
Delegado Willame Moraes (Foto: Manoel José/O Olho)
Já o delegado Laércio Evangelista, responsável pelos municípios de
Campo Maior e de Castelo do Piauí, contou como se deu o
modus operandi do crime. Segundo ele, os menores, três de 15 anos e um
de 17 anos, relataram como abordaram as garotas e começaram o ataque.
Todos estavam drogados e sob efeito de crack e maconha. “Todos
confessaram que participaram e apontaram o Adão como mentor. Eles dizem
que quando as meninas chegaram ao morro, o Adão, que estava com uma
faca, encostou e amarrou as jovens. Os pés, mãos e boca foram amarrados.
Em seguida, após estuprarem, jogaram as jovens de cima do morro e
atiraram as pedras. Eles confessaram que queriam matar as quatro”,
detalhou.
“Não tenho nada a ver. Quero que a polícia realize os exames para que
possam comprovar que não tenho nada a ver. Eu não estava no morro e não
sei como aconteceu isso. Nem conheço esses meninos, nem sei quem são.
Eu não costumava frequentar esse morro. Eu moro há pouco tempo na
cidade, vivi 20 anos em São Paulo, vim há pouco tempo pra cá. A polícia
vai saber que não tenho envolvimento. Esse sangue que dizem ter
encontrado lá não é meu”, afirma Adão.
Willame Moraes disse ainda que a polícia ainda não ouviu as jovens
agredidas devido ao estado de saúde ao qual se encontram. Após passarem
mais alguns dias internadas, as jovens realizarão novos exames e terão
material genético coletado. “Vamos esperar as meninas melhorarem para
podermos colher o depoimento de cada uma delas. Elas irão nos detalhar
todo o crime. Nesse momento elas ainda estão recuperando a memória. A
maioria dos golpes foram desferidos na cabeça, o que fez com que
perdessem os sentidos”, relata.
Indagado sobre o que poderia ter motivado tamanha crueldade no crime, o delegado disse que não há explicação. “Motivo torpe, pura malvadeza”, diz.
JOVENS REALIZAVAM TRABALHO ESCOLAR
Muitas pessoas se perguntam qual o motivo das quatro jovens estarem em
cima do morro, um pouco afastadas da cidade. Segundo contou a polícia,
as menores, duas de 15 anos, uma de 16 e outra de 17, estavam realizando
um trabalho escolar. “Elas estavam realizando um trabalho da escola e
resolveram tirar umas fotos no local. Já que fica em cima de um morro e a
paisagem é bonita, elas ficaram tirando fotos até que foram avistadas
pelo bando”, diz Willame Moraes.
Secretário de Segurança, capitão Fábio Abreu (Foto: Manoel José/O Olho)
Ainda sobre o modus operandi do crime, a polícia contou que dois dos
acusados, Adão e um dos menores, estavam foragidos em cima do morro
desde o último fim de semana. Acusado de ser mentor, estava foragido
devido ao assalto ao posto, já o menor, havia participado de um assalto
onde teria roubado um veículo. Os outros dois menores estavam servindo
para levarem mantimentos e drogas para os fugitivos.
O secretário de Segurança do Estado, o capitão Fábio Abreu, informou
que Adão irá responder pelos crimes de lesão corporal, tortura, estupro e
tentativa de homicídio, além de outros crimes que o mesmo já estava
sendo acusado.
“Queremos tranquilizar a população de Castelo e de toda a região, e
garantir cada vez o reforço na segurança. Estamos trabalhando e atuando
constantemente no sentido de evitar ações como essa, e a secretaria está
pronta para garantir total condições de trabalho para nossa polícia.
Estamos com todos os envolvido presos já e agora irão responder pelos
crimes cometidos”, finaliza.
Fonte: O Olho