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Esses grupos que polarizaram a eleição de 2012 marcaram suas campanhas sem uma discussão de futuro. O discurso do “medo ao retorno” e da “continuidade da inércia”, foram a pauta. Talvez isso explique a marca do atual governo municipal: medíocre, apático e desleal.
Medíocre por que vilaniza os servidores municipais e prioriza o inchaço dos cargos em comissão sem concurso público, dando o tom da qualidade dos serviços prestados ao cidadão e de quebra não apresenta um projeto de futuro, tampouco cuida bem do presente (remendos/improvisos parece a marca);
Apático por caracterizar-se enquanto um projeto marcado pelo desperdício do capital político obtido pelo prefeito com uma vitória eleitoral significativa e emblemática em 2012, pois dele se esperava o rompimento com o modelo tradicional, no entanto seu governo é amorfo e insípido;
Desleal por não dar respostas às políticas integradas de bem-estar social, em especial sofre a população mais desprovida de favoráveis condições socioeconômicas e educativas.
A política de alianças para manutenção do poder foi e é a tônica. É o poder pelo poder!
Um bom governo deve partir de uma conjunção entre o passado individual (do candidato) e o passado coletivo (desesperança social). Baudelaire em “As flores do mal” fala dessa necessidade de se exercitar a relação da correspondência. Uma relação viril, mas honesta. Olho no olho e não só entre os seres humanos (e, mais não só entre a cúpula), mas com as coisas, o ambiente e os outros seres vivos.
“As flores do mal” foi escrito há mais de 150 anos pelo poeta francês Charles Baudelaire. Publicado em 25 de Junho de 1857, mostrava o lado podre e miserável da sociedade parisiense. A obra causou grande polêmica, tendo sido apreendida na época pelas autoridades francesas, que a consideraram imoral. A sua poesia inquietante e pesada marcou a literatura ocidental com poemas que revelam as profundezas da alma humana.
O que falta ao governo local seria esse contato com o passado almejado pelas correspondências de Baudelaire? Praticar e ser adepto do respeito e boa convivência, entre tudo e todos? Reconhecer os anseios e demandas sociais, além dos escritos e discursos proferidos? Ação, atitude concreta? Reavaliar as práticas atuais com o rompimento de certos costumes tradicionais? Sem se precipitar, mas sem perder a hora!
O Prefeito tem, parcimoniosamente, tentado restabelecer uma civilidade básica no trato com as lideranças e com os partidos de oposição. E, certamente vai buscar nesses próximos dois anos recompor sua base com vista à reeleição. “Ajeitar” aquele descontente, “maquiar” uma rua, uma praça, fazem parte do “plano”. Passar disso, porém, e mexer nos fundamentos do sistema de poder petebista-petista, nem sinal.
Precisamos compreender que é o sistema de poder estabelecido em Parnaíba que deve ser avaliado, mais do que o desempenho do prefeito. Mas o balanço é negativo para ambos, e preocupante para a cidade –principalmente para os que precisam e querem ter uma vida digna.
Poder-se-ia relatar quais os benefícios desta gestão? Quem se beneficia dela? Parece que apenas a máquina com suas gratificações mantêm o governo. E o mal que isso causa? Quantos profissionais com suas famílias ficam à mercê de uma nomeação temporária, às vezes insignificante e até humilhante?
Não se conhece uma obra estruturante com a digital deste governo. Qual o futuro que hoje se faz?
O transporte coletivo é um caos, crianças sem creches, saúde caótica, obras paralisadas, desemprego e insegurança. A violência se alastra e o crack destrói uma geração inteira, apesar de o gestor prometer na campanha de 2012 que iria combater a epidemia dessa droga, dois anos depois, nada mudou!
Fazendo uso de um poder emprestado, o governo não irradia luz própria. É incapaz de retribuir ao cidadão um eficiente serviço de saúde, de educação, de cuidado com o meio ambiente, de cuidado com as pessoas, está privado do contato com o objeto distante: a boa prática política. A expectativa sugerida pelo encanto desta, recheada de promessas e mistérios, termina frustrada.
Autofágico é o governo que não consegue dar respostas às ações mais elementares. Presunçoso não se faz de rogado ao julgar-se probo e comprometido. Porém, na verdade, seu fruto sedimenta a condenável prática dominante. Pensemos: “A verdadeira revolução acontece quando mudam os papéis e não apenas os autores” (Gilbert Cesbron).
(*) Fernando Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e contribuinte parnaibano.