13/02/2015

Roland Jacob

Roland Jacob ( Schaback, França,1899,
Rio de Janeiro 1971)
Roland Jacob (✩ Schaback, França,1899, ✝ Rio de Janeiro 1971), Chegou a Parnaíba em 1923, a fim de assumir a direção da firma do seu tio Marc Dosiré Jacob. Imprimiu uma nova dimensão às suas atividades, estendendo-as ao campo das exportações de nossas matérias-primas, tornando-se o precursor de tão importante ramo comercial. A vida de Roland Jacob está toda vinculada intimamente à história do desenvolvimento comercial do Piauí, notadamente na cidade de Parnaíba. Era Cidadão Parnaibano e Piauiense, títulos conferidos, respectivamente, pela Câmara Municipal e Assembleia Legislativa do Estado. 

Nascido em Schalbach, França, em 15 de setembro de 1899. Faleceu em 20 de março de 1971, no Rio de Janeiro. Cursou ao equivalente, ao atual, Ensino Médio, em pouco tempo chegou a dominar o nosso idioma, que escrevia com grande propriedade, embora nunca tenha perdido o sotaque francês. Além do Francês e do Português, falava fluentemente o Inglês e o Alemão. 

Habilidoso, vocacionado para os negócios, Roland multiplicou o patrimônio da família, comprando dos herdeiros de seus tios suas participações acionárias na casa Marc Jacob, instalando filiais em Campo Maior, Floriano, União, Piripiri, Luzilândia, além de Teresina, é claro, marcando com forte presença a vida econômica do estado, justamente em seus principais centros de produção de cera de carnaúba, óleo de babaçu, couro e peles, ainda hoje importantes para o crescimento da economia do Baixo Parnaíba, que tem no extrativismo talvez a principal atividade econômica. 

Não obstante as dificuldades, Roland viajou muito, o que levou a um grande desenvolvimento do seu negócio. Ficou, porém, exposto a moléstias endêmicas, à época, como impaludismo e tifo.

A ótima qualidade dos contatos que Roland mantinha com a gente do interior era essencial para o desenvolvimento do crédito que concedia. O pagamento pelas mercadorias era feito com a entrega da produção da safra, quase um ano de prazo. Os juros eram da ordem de 1% ao mês, o que se manteve mesmo durante a inflação galopante dos anos de 1950. Assim, a Casa Marc Jacob, além do comércio regular, desempenhou um importante papel de banco de fomento, em uma época na qual nem se pensava nisso. 

Todo o trabalho de Roland Jacob em prol do desenvolvimento de Parnaíba e do Estado foi reconhecido em 1955, quando recebeu o título de Cidadão Parnaibano; e, no dia 26 de maio de 1969, quando a Assembleia Legislativa do Estado do Piauí concedeu-lhe o título de Cidadão Piauiense. 

Roland viajou com certa regularidade ao exterior, de navio, pelo menos a cada três anos. Pelos contatos com as fontes de suprimento, Roland assegurava um maior volume de compras, e os contatos com o Exterior ampliavam as oportunidades de negócios. Existem registros de suas viagens a Portugal, França, Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos da América, que, no período, eram os principais mercados para os nossos produtos. O critério na escolha dos produtos em muito contribuiu para que o conceito da Casa Marc Jacob cada vez mais se firmasse. Em 1942, a firma transformou-se em Sociedade Anônima, com a razão social Casa Marc Jacob S.A. Em 1962, passou a denominar-se, PVP – Sociedade Anônima, mais mantendo a tradição.

Anos depois criou um novo setor de varejo, com o nome fantasia de Lojas Rosemary. Lojas organizadas como tal havia em Parnaíba, Teresina, Floriano, São Luís, no Maranhão, e Belém, no Pará, sendo que, nas duas últimas não era usado o nome Loja Rosemary, mas apenas o nome da própria empresa. Nessas lojas vendia-se uma grande variedade de produtos; e, embora variasse a oferta de acordo com o tamanho da praça, em todas se vendiam eletrodomésticos, móveis, roupas de cama e mesa, artigos de porcelana, vidro e cristal, artigos decorativos e de presentes, artigos de alumínio, relógios, joias, máquinas de costura, bicicletas, porcelana e cristais importados. Os volumes anuais das vendas evoluíram de forma fantástica, incluindo novos negócios.

Além do comércio de exportação e do de atacado e varejo, Roland acrescentou uma importante atividade de representações, trabalhando com firmas industriais e atacadistas, nacionais e estrangeiras. Entre estas, abriu a seção de medicamentos de alguns dos maiores laboratórios, com Squibb, Fontoura White e Moura Brasil.

Roland também demonstrou interesse e respeito pelo patrimônio material de sua cidade. Segundo Jacob, isso fica evidenciado quando encomendou ao arquiteto Wit-Olaf Prochnick o projeto da Loja Rosemary. 

Para muita gente, comprou moradia, pagando à vista, para ser reembolsado parceladamente, sem cobrar juros. A preocupação de Roland Jacob com a nova geração de estudantes pobres o levava, muitas vezes, a pagar seus estudos. Foi descrito pelo filho como uma pessoa sensível às necessidades dos menos favorecidos; e gostava do povo de Parnaíba, para quem, durante muito tempo, desempenhou a função de uma espécie de Juiz de Paz, pela aceitação das partes do seu julgamento correto, dirimindo conflitos familiares, de vizinhança e briga de várias naturezas.



Lactário Posto de Puericultura Suzanne Jacob

Em 1938, em homenagem à memória de sua mulher, Roland fundou o Lactário Posto de Puericultura Suzanne Jacob. De início, dava-se leite preparado em pequenas mamadeiras (cerca de seis para cada criança) feitas com Leite em Pó Nestogeno, de leite de gado ou mucilagem de arroz, tudo de acordo com prescrições de um especialista em alimentação infantil que acompanhava o preparo dos alimentos, a higienização das mamadeiras, o peso das crianças e sua evolução. Começou-se assistindo a vinte crianças, que recebiam também assistência médica e medicamentos. Quando o Programa da Aliança para o Progresso foi lançado pelo Presidente Kennedy, o Lactário Suzanne Jacob recebeu leite em pó com complemento vitamínico para atender a quatrocentas crianças. Mais tarde, passou a chamar-se Posto de Puericultura Suzanne Jacob. Fonte: GONÇALVES, W. C. “Dicionário Enciclopédico Piauiense Ilustrado”.


Elaborado por Ana Claudia Lima Brandão
Revisado pelo prof. MSc. Moacyr Ferraz do Lago
Edição do Jornal da Parnaíba

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