03/04/2014
Ex-treinador do River-PI usa rede social e quebra silêncio depois da sua demissão
do clube piauiense. Técnico fala de 'cusparadas' antes da partida e ataca Federação
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Sequência de fotos mostra Evair na confusão em Parnaíba. Jogador responde acusações (Foto: Reprodução) |
- Claro, no momento de cabeça quente, não tem como reclamar em voz baixa. Reclamei mesmo... Então eu disse: "Para apitar o cara tem que ser homem! Tem que ter 'aquilo roxo' e fiz o gesto, do qual me arrependo. Não deveria ter feito. Mas não foi para a torcida e sim para o quarto árbitro e na verdade ele nem merecia aquilo. Eu estava falando do árbitro" – publicou Evair.
Na
súmula da partida, Antônio Santos conta que, aos 40 minutos do primeiro
tempo, Evair se dirigiu de forma desrespeitosa, reclamando acintosamente logo
depois da marcação de uma falta contra o River-PI. Além dos gestos
obscenos, o juiz narrou xingamentos do ex-treinador tricolor e um comportamento
considerado “inadequado” e “agressivo”. Na versão de Evair, o erro foi da
arbitragem:
O treinador narrou ainda uma ação dos policiais militares considerada brusca:
- Devido ao tumulto que se formou, a polícia veio em minha direção, e um deles
disse que eu tinha que sair de campo, senão eu seria preso. Respondi que eles
tinham que prender bandidos. Sou pai de família. Neste momento fui obrigado a
ouvir coisas que é melhor eu nem publicar.
Depois
da confusão, a diretoria do River-PI demitiu Evair. A derrota para o Parnahyba foi
a única na passagem do treinador no time tricolor. Foram cinco empates e duas
vitórias. Na opinião de Evair, a saída acabou sendo forçada, e o time, segundo
ele, é sempre prejudicado.
- Fui demitido com apenas uma
derrota (se bem que o time empatou muito... Foi mal), mas na verdade o
presidente teve que fazer isso porque com certeza eu seria punido por vários
jogos e não poderia fazer meu trabalho. Eu já havia sido expulso de outro jogo
em que o árbitro apitou um pênalti ao nosso favor e depois voltou atrás (...). Fui
pra lá com a intenção de ficar dois anos e levar o time, quem sabe, para uma Série
B. Mas não deu. Ideias diferentes parecem não ser bem-vindas.
O
treinador nem mesmo poupou a Federação de Futebol do Piauí:
- É uma pena para um estado de
pessoas tão boas, onde fiz bons amigos, de pessoas honestas como o presidente
do River-PI, ter uma Federação que não faz nada em situações como essas, quanto
menos para a evolução do futebol no estado. Continuarei minha carreira de
treinador, e tenho certeza que estou aprendendo muito. Segue a vida! As coisas
nunca foram fáceis para mim, e não vai ser agora que vou encontrar facilidade –
finalizou. Vejam o Video
Veja, na íntegra, o relato de Evair:
ESCLARECIMENTO: Então vou resumir o que houve
lá... Quando chegamos a Parnaíba para o jogo o clima estava hostil. Já sabíamos
que seria uma guerra. Já na entrada em campo fomos obrigados a passar colados
ao alambrado que nos separava da torcida e levei várias cusparadas. O jogo
começou, naquele gramado horrível, na verdade um pasto, e o adversário estava
batendo muito em meus jogadores, de todas as formas... E a arbitragem nada
fazia. Aliás, fazia sim, marcar várias "faltinhas" contra meu time,
dando oportunidade para o adversário alçar bolas à área. Inclusive foi assim
que saiu um gol deles. Fui reclamar de umas dessas faltas e o árbitro disse:
"Não fale mais comigo senão te expulso." Respondi: "O senhor vai
querer aparecer? Quer aparecer em cima de mim?" Ele me expulsou! Então me
dirigi ao quarto árbitro e reclamei da expulsão... Claro, no momento de cabeça
quente não tem como reclamar em voz baixa. Reclamei mesmo... Então eu disse:
Para apitar o cara tem que ser homem! Tem que ter "aquilo roxo" e fiz
o gesto, do qual me arrependo. Não deveria ter feito. Mas não foi para a
torcida e sim para o quarto árbitro e na verdade ele nem merecia aquilo. Eu
estava falando do árbitro. Devido ao tumulto que se formou a polícia veio em
minha direção e um deles disse que eu tinha que sair de campo senão eu seria
preso. Respondi que eles tinham que prender bandidos. Sou pai de família.
Neste momento fui obrigado a ouvir coisas que é melhor eu nem publicar. Então,
enquanto me dirigia ao vestiário o gandula deles me deu uma bolada nas
costas... Isso fez o tumulto aumentar. Fui parar no vestiário e a polícia
me deixou preso lá dentro. Sequer pude assistir ao segundo tempo do jogo. Enfim,
reagi a uma situação em que me senti prejudicado. Sequer tive a oportunidade de
falar com a imprensa lá. Se eu falasse algo acho que eu estaria preso lá até
hoje. Queria até fazer um boletim de ocorrência, mas estava sozinho na cidade.
Não havia nenhum diretor do River. O presidente do Parnaíba foi me pedir
desculpas pelo que aconteceu lá, mas depois deu entrevistas falando um monte de
besteiras sobre mim. Infelizmente, o River, que é o time que tem a melhor
estrutura do estado, que poderia crescer, tem um ótimo presidente... É sempre
prejudicado. No caso de Parnaíba, a Federação Piuiense não toma nenhum tipo de
providência, fazem vistas grosas. Eles sequer podem jogar Copa do Brasil no
estádio deles porque estão cumprindo suspensão da CBF. Fui demitido com apenas
uma derrota (se bem que o time empatou muito... Foi mal.), mas na verdade o
presidente teve que fazer isso porque com certeza eu seria punido por vários
jogos e não poderia fazer meu trabalho. Eu já havia sido expulso de um outro
jogo em que o árbitro apitou um pênalti ao nosso fazer e depois voltou atrás. Finalizo
dizendo que é uma pena para um estado de pessoas tão boas, onde fiz bons
amigos, de pessoas honestas como o presidente do River, ter uma Federação que
não faz nada em situações como essas, quanto menos para a evolução do futebol
no estado. Fui pra lá com a intenção de ficar dois anos e levar o time, quem
sabe, para uma Série B. Mas não deu. Ideias diferentes parecem não ser
bem-vindas. Segue a vida! Continuarei minha carreira de treinador e tenho
certeza que estou aprendendo muito. As coisas nunca foram fáceis para mim, e
não vai ser agora que vou encontrar facilidade.
Fonte: Globo Esporte PI/Edição PHB em Nota