19/07/2016

Quem decide os destinos da Parnaíba não são os parnaibanos!!! (*)

Quem decide os destinos da Parnaíba não são os parnaibanos! Pode ser uma afirmação dura, mas é realista. A influência de “Teresina”e seus interesses é decisiva. Há uma disjuntiva entre os eleitores, a representação política e o sistema eleitoral vigente que limita de várias maneiras o poder do povo.

Em ano eleitoral, a rigor, decidir os destinos da cidade caberia aos seus eleitores. Porém, o sistema político ao qual estamos submetidos mantêm estruturas que camuflam a democracia e adotam práticas nada republicanas. Sob a epiderme do triunfo da participação “do povo, pelo povo e para o povo” deparamo-nos com um aparente paradoxo: ao mesmo tempo em que o "governo do povo" ganha novos defensores, a própria eficácia de democracia como forma local de organização política pode ser colocada em dúvida. A cidade proclama-se democrática (o povo escolhe seu prefeito e vereadores) no momento mesmo em que interferências outras no âmbito da política local comprometem a possibilidade de o município postar-se democrático e independente, aumentando as incertezas com respeito ao destino da democracia.

A fragilidade do município em resolver seu destino é flagrante! Situação que se faz perceber com mais intensidade em tempos de eleição. Um governo que, tendo 48 meses de validade e destes, em 42, titubeou em fazer reformas estruturais no modelo de gestão administrativa e também cometeu diversos erros na condução da política local, pode ser avaliado muito mais por ações dos próximos dois meses (maquiagens como reforma de praças e asfalto) que pelo fato de ter permanecido distante de ações que promovessem o bem estar social da maioria da população parnaibana. A memória do povo é curta e o olhar superficial!

Sabendo disso, o governo estadual entra com toda a sua força. Aliás, a intervenção é vergonhosa! A começar pela postura que o Palácio de Karnak impôs-nos: um governo de desprestígio à cidade. Perdemos a Academia de Polícia, a Regional da Agespisa, a descontinuidade do asfalto já licitado para a cidade (vão retomar agora pela proximidade do pleito eleitoral) e nenhuma obra que justificasse a importância geopolítica e atendessem as demandas regionais. 

Além do governo estadual, senadores e deputados federais também dão sua “contribuição para o futuro da Parnaíba”! É sabido que nenhum candidato galga êxito se não tiver “apadrinhamento”. Onde erramos?! Por que estes esforços da nossa bancada federal não são percebidos na busca da solução de tantos problemas que temos na cidade? Por que pessoas comprometidas e grupos organizados que visam o bem comum não se levantam contra esse estado de coisas?

Em seu terceiro mandato, com quase dois anos cumpridos, Wellington Dias, com todo o apoio político que tem da bancada federal e que teve da presidente petista, consegue o feito de igualar sua atual gestão aos sete outros anos em que esteve à frente dos destinos do Piauí e nada de concreto trouxe à Terra de Simplício Dias (2003-2010). O governador só volta os olhos para Parnaíba para dar sequência à política pequena com que rege o nosso estado. Vai se esforçar para eleger o seu prefeito...

Um exemplo bizarro desse esforço, e pra não dizer descabido, é a convocação de Zé Hamilton (PTB) para ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa. Décimo suplente de deputado estadual que em 2014 obteve 12.202 votos, ocupa o gabinete deixado por Fábio Novo (PT). Quanto custa esta farra? Quem paga a conta? Em tempos de crise, onde o governo sinaliza com a possibilidade de atrasar salários dos servidores é uma contradição inaceitável e que só tem amparo na forma justificada de se fazer política deste novo PT. Disse um jornalista da capital “Com a convocação de Zé Hamilton já se pode dizer, agora, que Wellington Dias tem seu próprio time na Assembleia (10). Na verdade, só falta escalar o goleiro”.

É assim que o governo influencia a cidade. Esta estratégia, cara aos cofres públicos, tem uma razão de ser: aquietar o descontentamento do ex-prefeito com o atual gestor petista. Circulou e circula pela cidade que Zé Hamilton pode vir a ser candidato a prefeito, retirando o apoio dado à eleição de Florentino Neto (PT). Quem viver verá! Foi aí que entrou em cena o poder de influência do governador.

Como resultado, em recente entrevista, o suplente de deputado Zé Hamilton confirmou que tem buscado um acordo com Florentino Neto, mas que entende o desejo dele de querer se reeleger. “O prefeito tem direito de ser candidato, está terminando o seu mandato, e estamos nessa discussão, no bom sentido, e tudo deve terminar bem”, destacou. Sim, tudo deve terminar bem. Bem pra quem?! As demandas da cidade não estão na pauta...

Ao refletir sobre o impacto dessas intervenções, importa levar em conta que o povo mais uma vez está sendo enganado! O poder está sendo usado sem parcimônia para a reeleição do prefeito. Estratégia testada e aprovada: na campanha política se discursa e se escreve um plano de que vai passar quatro anos numa missão de cuidar da cidade e das pessoas, relega-se isso a um segundo plano, cuida-se de um projeto de poder e em apenas quatro meses usam-se táticas combinadas de ludibriar a grande maioria desavisada. A soberania popular é erodida quando se reduz o âmbito legítimo de decisão do eleitor! Mas de que eleitor estamos falando, do indivíduo que não tem educação, trabalho e nem saúde?! Você compreende a farsa de que “o povo é quem escolhe o seu representante político”? E o que você vai fazer nesta eleição?!

(*) Fernando Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e contribuinte parnaibano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

 

COOKIES