22/09/2016

Projeto de lei propõe reestruturação do ensino médio Grade curricular

Proposta prevê que currículos sejam organizados por áreas de conhecimento e tenham mais flexibilidade. Governo trabalha para aprovar a medida

Em 2015, mais de 6,7 milhões de brasileiros estavam 
matriculados no ensino médio
Valter Campanato/Agência Brasil

A renovação do ensino médio é uma das prioridades do País nos próximos anos. Segundo o ministro da Educação, Mendonça Filho, o governo irá trabalhar junto à sua base no Congresso Nacional para priorizar a votação do Projeto de Lei (PL) 6.840/2013, que propõe mudanças importantes nas séries finais do ensino regular. 

A proposta estabelece que os currículos do ensino médio sejam organizados por áreas do conhecimento: linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas. A divisão visa priorizar a interdisciplinaridade e a aplicação dos conhecimentos em outras áreas – e também no dia a dia dos alunos e na realidade do Brasil e do mundo. 

No último ano, além das matérias básicas, o aluno deverá optar por uma das grandes áreas para aprofundar os estudos, de modo que o estudante possa se dedicar mais ao campo de seu interesse. No futuro, caso decida mudar de área, ele pode retornar à escola e fazer uma nova opção formativa. 

Se aprovado o PL, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) se tornaria obrigatório para os alunos. Outra medida prevista é que, nos próximos dez anos, 50% dos matriculados cumpram jornada escolar em tempo integral de, no mínimo, sete horas por dia, somando 4,2 mil horas em todo o ensino médio. 

Flexibilidade 
A secretária executiva do Ministério da Educação, Maria Helena Guimarães, afirma que o mais importante é que o ensino médio seja flexibilizado, substituindo a monotonia e o academicismo por um conteúdo mais leve e próximo da vida dos alunos.



“O primeiro, segundo e terceiro ano do ensino médio é igual para todos no Brasil, e ninguém está aprendendo nada”, lamentou a secretária em entrevista ao Programa Educação no Ar, da TV MEC. “O ideal é você ter pelo menos a metade do ensino médio dedicada àquilo que é comum para a formação geral do aluno, como língua portuguesa, matemática, língua estrangeira, conhecimentos gerais em história, geografia, filosofia”, defende.

Na segunda metade, explica Maria Helena, viria a flexibilização, quando os alunos poderiam optar pela área de conhecimento de sua preferência, área de educação profissional ou até escolher um curso técnico integrado, que lhe ofertaria um duplo certificado ao final. 

Ideb 
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2015 mostra que o ensino médio é o que está em pior situação quando comparado às séries iniciais e finais da educação fundamental: a meta do ano era de 4,3, mas o índice ficou em 3,7. 

Segundo dados de 2015 do Ministério da Educação (MEC), mais de 6,7 milhões de brasileiros estão matriculados no ensino médio. Enquanto a taxa de abandono do ensino fundamental foi de 1,9%, a do médio chegou a 6,8%. Já a reprovação do fundamental é de 8,2%, frente a 11,5% do médio. 

O professor Célio da Cunha, da Universidade de Brasília e da Universidade Católica de Brasília, ressalta a importância da valorização do ensino médio e de uma reestruturação do atual sistema diante dos resultados. 

“Há necessidade de uma profunda reforma no ensino médio. Os últimos resultados do Ideb refletem inclusive um declínio. Historicamente, o Brasil começou a olhar mais para o ensino fundamental, que teve um avanço nos últimos anos. O último Ideb do fundamental chegou a cumprir a meta dos anos iniciais e houve avanço da 5ª a 8ª série. A crise maior é no médio”, explica o professor. 

Ele lembra ainda a necessidade de ampliar a qualificação de professores, em especial nas áreas de química, física, matemática e biologia. “É preciso mudar a cabeça do professor, mudar a formação. Ao mesmo tempo, você tem uma juventude com várias vocações. Precisamos de um ensino médio mais diversificado, de acordo com formações e necessidade do País, e abrir o leque de concentrações curriculares”, destaca. 

Fonte: Portal Brasil, com informações do Ministério da Educação, Inep e Câmara dos Deputados

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